Enquanto eu preparava a lancheira da minha filha, me peguei pensando em quantas vezes já organizei o dia dela antes mesmo de organizar o meu.
Preparo o lanche. Confiro a agenda. Coloco a roupa certa, penteio o cabelo, olho o horário do pediatra, penso no que vamos almoçar. Já selecionei até os desenhos mais “inofensivos” para ela assistir.
E isso tudo é cuidado. É zelo. É amor.
Mas, naquele dia, enquanto cortava morangos, uma pergunta cortou o meu coração:
Será que estou cuidando também da vida espiritual da minha filha?
A verdade é que, muitas vezes, nos desdobramos para entregar o melhor nos detalhes visíveis — mas falhamos no invisível. No essencial.
Já perguntei a vários pais, durante alguma palestra, o que eles desejam para o futuro dos seus filhos.
Alguns sonham com títulos: médico, engenheiro, professor, empresário.
Outros sonham com estabilidade, com felicidade.
Mas é tão raro ouvir:
“Eu quero que meu filho seja servo de Deus.”
Talvez porque a gente ache que isso vai acontecer naturalmente.
Como se fé brotasse sozinha.
Como se o relacionamento com Deus viesse embutido no pacote da criação.
Mas não vem.
A fé é ensinada. O temor é cultivado.
A intimidade com Deus se aprende — em casa.
E é aí que mora o perigo: nossos filhos crescem e fazem suas próprias escolhas.
E como escolher por Deus, se nunca
aprenderam que Ele é a melhor escolha?
Enquanto o mundo oferece respostas prontas, nós, muitas vezes, silenciamos o evangelho dentro de casa.
O mundo diz “siga seu coração” — e a gente diz “desde que esteja feliz, tudo bem”.
Só que o coração engana.
E a felicidade sem direção tem prazo de validade.
Se você acha que estou exagerando, te faço uma pergunta sincera:
Quantas horas, no último mês, você dedicou a ensinar seu filho sobre Deus?
Quantas
(Onde nasce a fé dos nossos filhos? Parte4)
vezes incentivou a oração? A leitura da Bíblia? A busca? O quebrantamento?
Pois é… talvez não tenha sido o suficiente.
Estamos deixando nossos filhos expostos — emocional e espiritualmente — a um bombardeio de mentiras.
Mas não temos dado a eles as armas certas.
Quando um filho chora, se frustra ou sente medo, deveríamos ensiná-lo a correr para Cristo.
Mas, no impulso de protegê-los, impedimos que amadureçam essa comunhão.
E o que hoje é só
(Onde nasce a fé dos nossos filhos? Parte5)
uma birra ou uma decepção pequena, amanhã será dor real, frustração adulta.
E, se não houver abrigo em Deus, eles procurarão em outro lugar: na bebida, nas drogas, nas relações vazias.
Tudo isso tentando encontrar o que deveria ter sido ensinado desde a infância.
Por isso, hoje eu te convido à mesma reflexão que fiz naquela manhã simples, cortando morangos:
O que você tem feito para ensinar seus filhos que a resposta para as dores que ninguém vê, eles vão encontrar em Jesus?
Porque talvez a maior herança que possamos deixar…
Não seja um bom colégio, um curso caro ou uma conta cheia —
Mas um coração firme, enraizado na verdade, que conhece o Deus que sara, guia e salva.
—
“Mas Grazi… e as demais coisas? O estudo, a profissão…”
Claro, elas são importantes.
Mas eu não estou excluindo nada.
Só estou te lembrando qual é a corda que segura todas as outras:
A vida espiritual.