Domínio Próprio: A Batalha que Precisei Vencer em Silêncio

Naquele dia, me organizei para chegar cedo ao local onde seria a apresentação da minha filha.
Para quem me conhece, sabe que isso é quase um milagre — chegar na hora sempre foi um desejo, mas nem sempre consigo cumprir.

A verdade é que, na maioria das vezes, chego atrasada ou em cima da hora. E, para ser sincera, esse atraso me incomoda mais do que às pessoas. Me cobro pontualidade porque não gosto de perder tempo — nem de fazer ninguém perdê-lo.

Pois bem…
Quando cheguei, o evento ainda não havia começado. Levaria mais 40 minutos para iniciar, e o auditório estava praticamente vazio.

Aproveitei a oportunidade, fui até o organizador e perguntei se poderia sentar nas primeiras fileiras. Afinal, queria fotografar minha filha de perto. Ele respondeu:
— Pode sim, é até melhor para não ficar vazio.

Rápido como um relâmpago, eu e outros pais ocupamos os primeiros lugares.

Mas, cerca de 20 minutos depois do início do evento — e antes mesmo de chamarem minha filha — o mesmo organizador se aproximou dos três primeiros bancos e disse:
— Me desculpem, mas vocês poderiam ceder os lugares? Tem muitas crianças que chegaram agora e querem assistir de perto.

E lá fomos nós. Não foi algo organizado, onde todos se remanejaram. Só os três primeiros bancos levantaram. Resultado? Eu, que cheguei cedo, fui parar lá no fundo, na décima fileira ou algo assim.

Confesso: minha vontade era pegar minha bolsa e ir embora. Pensei nisso muitas vezes.
“Eu me organizei, eu corri, eu perguntei, eu… eu… eu.”

Sem perceber, me coloquei no centro da situação, como se tudo girasse em torno de mim. Esqueci o real motivo de estar ali. Esqueci que aquele momento não era sobre o meu lugar, mas sobre a apresentação da minha filha.

Fiquei chateada, meu coração se fechou, e quase perdi o foco. Mas então lembrei do milagre que nos trouxe até ali. (Um dia vou contar essa história.)

Pensei: “Eu não posso estragar esse momento. Esse dia não é meu. É da minha filha.”
E decidi não deixar a raiva me dominar.

Quando chamaram a Manu, me levantei, fui até ela, filmei, mostrei que eu estava ali — por ela. Voltei para o meu lugar e senti paz. Fácil? Não. Mas eu sabia que NADA poderia roubar aquele momento milagroso que estávamos vivendo.

Sabe, muitas vezes somos escravos do nosso temperamento. A Bíblia fala sobre o domínio próprio, e como precisamos exercê-lo. Eu sou fleumática — não aquela fleumática lenta, mas aquela que observa muito, pensa demais e… guarda. Até explodir. Eu jáhavia tido uma semana difícil, um dia difícil, e agora estava ali, pronta para explodir.

Quantos momentos perdemos porque não sabemos controlar nosso temperamento? Porque insistimos em nos colocar na frente do verdadeiro motivo?

Naquele dia, eu escolhi vencer. Fiquei até o final, aplaudi minha filha, deixei que meus olhos a apoiassem. E todas as vezes que ela me buscou no meio da plateia, lá estava eu, torcendo por ela.

No fim de tudo, posso dizer: eu venci!
E desejo que você também vença por aí.

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