Enquanto eu bebia meu café, quente e preto, debruçada sobre minha mesa de vidro preta, fui tomada por uma reflexão inesperada.
Era uma segunda-feira de manhã, semana de férias escolares. Nessas semanas, acordo cedo, mas não tão cedo… ainda com os pensamentos embaralhados, tentando organizar o dia e a mente. Foi nesse clima meio lento que comecei a pensar nas coisas que ainda preciso conquistar e, de repente, me dei conta: hoje eu vivo orações que fiz no passado.
Mas como assim?
Me lembrei de uns sete anos atrás. Naquela época, eu tinha uma mesa de mármore com pés de ferro, comprada poucos meses após o meu casamento. A mesa media 70×80, relativamente pequena. Um dia, vi uma mesa de vidro preta e me apaixonei. Mas mesa de vidro nunca foi barata, e naquele tempo, então, era completamente fora da minha realidade.
Era um sonho. Um desejo. Conversei com Deus sobre ele, mas deixei pra lá. Afinal, algumas coisas não são prioridade. E a vida seguiu.
Hoje, enquanto tomava meu café da manhã, me veio à memória o quanto desejei ter uma mesa de vidro grande. E percebi que, agora que a tenho, já não celebro mais sua presença como antes sonhei. Ela se tornou comum. Parte do cenário.
Quantas outras coisas aconteceram da mesma forma?
Enquanto eu não tinha, eu orava, pedia, esperava, desejava. Mas depois de conquistá-las… simplesmente esquecia.
É claro que eu agradecia a Deus, mas não celebrava. Eu usava, mas deixava de observar com gratidão a oportunidade de usá-las.
Quer ver?
Naquele instante, agradeci novamente por ter uma mesa. Mas fui além.
Eu só tenho uma mesa de vidro… porque tenho uma casa para colocá-la.
Agradeci pela casa.
Só estou tomando café na minha mesa… porque tenho café. (Aliás, é Pilão, está R$ 43,00 o pacote! Preciso deixar registrado esse preço absurdo, para nunca esquecer que, mesmo assim, Deus me deu condições de comprar. Não de esbanjar, mas de comprar.)
E só fiz meu café… porque tenho energia elétrica para ligar a cafeteira.
Também agradeci por isso.
Percebe a profundidade?
Essa reflexão não durou horas, mas foi intensamente profunda dentro de mim. E olha que nem cheguei a contar o milagre da mesa ainda, e talvez você já tenha parado aí para pensar.
Como sou ingrata a Deus tantas vezes…
Me lembrei de como consegui, de fato, essa mesa.
Como disse antes: era um sonho distante. Até que um dia, “do nada”, minha sobrinha me manda uma mensagem:
— “Tem uma pessoa vendendo uma mesa de vidro aqui perto, mas precisa tirar agora. Ela comprou outra e não tem espaço para as duas.”
Opa! Me animei, mas logo voltei à realidade. Perguntei:
— “Quanto?”
Quase caí pra trás com a resposta:
— “R$ 100,00.”
Cem reais?!
Como assim? Era tão inacreditável que parecia pegadinha.
Mas era real.
E os R$ 100,00… eu tinha. (Risos.)
Na mesma hora falei com meu marido e entramos em contato.
Menos de 30 minutos depois, fomos buscar a mesa.
E uma hora após aquela mensagem, eu já estava em casa com minha tão sonhada mesa de vidro e quatro cadeiras.
Hoje, olhando para tudo isso, eu penso:
Nunca duvide do que Deus pode fazer em um milésimo de segundo.
Naquele dia, fui dormir feliz.
Eu tinha minha mesa de vidro.
A mesma que, por tanto tempo, foi apenas um desejo silencioso diante de Deus.
Graziela Leão
Uma resposta
Amiga quão profundas são suas mensagens, e como toca a minha vida e acredito, a vida de muitos. Sou prova viva de uma vida assim, tudo que tenho já desejei um dia, sou grata mas ao mesmo tempo, ao contrário de vc que celebra por ter alcançado, me pego querendo mudar tudo toda hora, me sinto muito ingrata por isso. Bem dizem que as facilidade podem nos tornar fúteis, e não é essa minha intenção. Mas é sempre bomser lembrado de que tudo que temos, tudo que somos é tudo que um dia viemos a ser é ter vem do Senhor, e que devemos ser grato em todos os momentos. Nós perdemos as vezes por costume, hábito, mas não é isso que Deus quer de nós, temos que estar atentos. Obrigada por compartilhar sua mensagem